Saturday, March 03, 2007

Sandra: outras referências

Definições de Interface
Quando falamos em interface, logo pensamos na parte visível de um programa de computador, na tela do monitor, enfim, no que nos permite interagir com a máquina. Segundo Cláudia Duarte, Mestre em Tecnologia da Imagem pela Escola de Comunicação da UFRJ e sócia da Avelar & Duarte Consultoria e Design, interface é “um intermediador que regula a interação entre processos, não ficando apenas associada a computadores e usuários. Qualquer mediador (aos quais dispositivos ou agentes estejam relacionados) pode constituir uma interface”. Pode-se, portanto, ampliar o conceito: uma alavanca é uma interface. O telefone, a assessoria de imprensa de uma empresa também são. “A interface constitui um ambiente de relações”, diz Cláudia. “Mas fica sempre ‘entre’: entre dispositivos, entre representações, entre processos, contextos, agentes, entidades."É exatamente isso que diz o filósofo Pierre Lévy, doutor em Ciência da Informação e da Comunicação pela Universidade de Sorbonne, na França: "interface é uma superfície de contato, de tradução, de articulação entre dois espaços, duas espécies, duas ordens de realidade diferentes: de um código para outro, do analógico para o digital, do mecânico para o humano [...] Tudo aquilo que é tradução, transformação, passagem, é da ordem da interface." (1993).Um livro, por exemplo, pode ser considerado como uma interface, onde o princípio da escrita é apresentado como interface visual da língua ou do pensamento. A interface "livro" possui elementos que nos orientam em sua "navegação" (leitura), como a numeração das páginas, os títulos, subtítulos e o índice.Realmente, o objetivo da interface é facilitar a interação entre dois elementos; nesse sentido, ela deveria ser transparente para o usuário. Existem, porém, pesquisadores que defendem a idéia de que a interface tem também uma função estética. Em um interessante artigo (em inglês) publicado pela revista Receiver, da Vodafone, Lev Manovich – Professor de Artes Visuais na Universidade da Califórnia em San Diego – afirma que o paradigma da transparência fez sentido até a metade dos anos 90, quando as pessoas praticamente não utilizavam equipamentos de informática fora do trabalho. Mas o número de interações aumentou e esses equipamentos se tornaram companheiros íntimos das pessoas. Quanto mais se usa um celular, um computador, um MP3 player ou qualquer outro equipamento pessoal desse tipo, mais se está “interagindo com uma interface”. Segundo Manovich, “os designers não tentam mais esconder as interfaces. Em vez disso, a interação é tratada como um evento, opondo-se ao ‘não-evento’ do paradigma anterior da ‘interface invisível’. Colocado de outra maneira, o uso de equipamentos pessoais de informática é hoje concebido como uma experiência cuidadosamente orquestrada, em vez de meramente um meio para atingir um fim. A interação explicitamente chama atenção para si mesma. A interface envolve o usuário em um tipo de jogo. Pede-se ao usuário que devote significativos recursos emocionais, perceptuais e cognitivos para o próprio ato de operar o equipamento.” Segundo o novo paradigma, portanto, a interação tornou-se uma experiência não só estética, mas significativa. Referência bibliográfica:LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

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